Semiótica das Paixões

Durou 28 anos a pesquisa de Hermes Leal sobre uma teoria para a Narrativa, entre 1988 e 2016, um trabalho solitário que necessitou de um mestrado em Cinema e um doutorado em Letras e Linguística, ambos na USP, para fundamentar a existência de uma teoria para a “alma” dos personagens, desenvolvida por uma nova Semiótica, das Paixões, que estuda o sentido da vida através do que a pessoa “sente”; ódio, raiva, rancor, ciúmes, vingança, infelicidade etc., e não somente do “agir” dos personagens. O estudo foi imediatamente publicado em livro, “As Paixões na Narrativa – A Construção do Roteiro de Cinema” (2017), pela Editora Perspectiva, na famosa Coleção Estudos.

Esta teoria é uma novidade ainda não difundida, desenvolvida na França por A. J. Greimas. Todos os livros e estudos de manuais de roteiro, até então, se dedicaram a estudar as estruturas da ação e, com a Semiótica das Paixões, foi possível estudar as estruturas das “emoções”, o que realmente importa para o desenvolvimento de uma boa narrativa, em uma área até então impenetrável.

A novidade que esta obra traz é totalmente inédita, nunca pensada ou estudada em escolas de cinema ou de qualquer outra natureza. É a primeira vez que se formula uma teoria para a “alma” dos personagens, que só foi possível através de uma nova narrativa não mais do “devir”, da implicação que a ação promove, com uma ação promovendo uma reação, mas do “sobrevir”, daquilo que assalta o sujeito em seu estado patêmico de alma, com acontecimentos inusitados e não previstos. Ou seja, uma teoria que leva em conta as mudanças bruscas do destino.


No estudo, foram utilizados longas-metragens como exemplos desta nova teoria, entre eles “Central do Brasil”, de Walter Salles, “Estômago”, de Marcos Jorge, “Melancolia”, de Lars von Trier, “Roma” e “Gravidade”, de Alfonso Cuáron, “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, “Coringa”, de Todd Phillips, e “Parasita”, de Bong Joon-ho. Além de séries televisivas, como “Game of Thrones” (HBO), “Chernobyl” (HBO), “Big Little Lies” (HBO), entre outras.

Artigos e vídeos de Hermes Leal sobre Semiótica das Paixões

Nova semiótica permite apreender novos modos de linguagem do cinema.

A narrativa das paixões é cheia de concessões, de ajustes impossíveis, de uma negação ou reconhecimento da verdade.

A semiótica permitiu explorar a própria estrutura da sensação, como sendo algo perturbador, que retira a cognição dos personagens, mas deixando seu sensível aberto ao inesperado.